quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Nada como um blog novinho em folha pra colocar os contos aleatórios. Eu não sei me concentrar nas coisas mesmo.

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Anjos
Por Luiza dos Passos Ferreira

Em um momento fugaz, cruzaram-se. Apenas aquela ligeira passagem trouxe uma paz de espírito que ela nunca sentira antes. E como inevitavelmente aconteceria, ela apaixonou-se. Tentou afastá-lo de sua mente, pois provavelmente jamais voltariam a se ver novamente. Foi em vão. o rosto dele não saía de sua mente, uma dor terrível invadiu seu coração. Nunca mais o veria. Desesperada, em um impulso que jamais saberia explicar, ela desceu as escadas que separavam seu quarto do resto da casa. Chovia. Ea abriu a porta e lançou-se à rua, sem qualquer proteção contra a água que vinha misturar-se às suas lágrimas. Tamanha não foi sua surpresa quando um enorme guarda-chuva cobriu sua cabeça, e uma voz suave sussurrou qualquer coisa sobre ela tomar cuidado.
Seus olhos pararam sob o semblante calmo e triste daquele que lhe havia levado ao desespero. Encontravam-se uma vez mais. Os cabelos e olhos negros dele contrastavam claramente com os olhos e cabelos cinza claro dela. Mas estava feito. O destino fizera com que eles, uma vez mais, se encontrassem. O cupido não deixara a primeira oportunidade passar, e a loucura certamente não deixaria a segunda.
Quando ela, ruborizada, agradeceu e virou-se sem ter o que fazer ou dizer, ele a segurou pelo pulso e levou o corpo dela de encontro ao seu. Um longo beijo na chuva seguiu-se a alguns minutos de silêncio. os dois sentiram que não poderiam viver um sem o outro.
Asas negras, embora translúcidas, irromperam das costas dele, ao mesmo tempo em que asas brancas irrompiam das costas dela. A alma dela deixou o corpo, e seu olhar angelical observou o dele. Então, levado pela mão de seu anjo, a alma dele também deixou seu corpo. Abraçados, o anjo e o demônio alçaram vôo em direçã às nuvens e deixaram seus corpos, para sempre unidos.