Divagações pós "O Libertino":
A Morte
Luiza dos Passos Ferreira
Divaga-se sobre a morte. Que é a morte? É a questão humana, o momento de supremo amor-próprio da frágil vida que envolve esses seres sublimemente supérfluos.
Por que choram os humanos a morte de outros? Por mais odiado que tenha sido em vida, sempre há lágrimas para derramarem-se em virtude do morto; o mais déspota dos homens é lamentado como o melhor dos santos. Por quê? Sem dúvida, a lúgubre sombra da morte traz aos vivos a lembrança de que, um dia, também partirão. Choram, portanto, os vivos. Para que possam lembrar-se da sua finitude infinita.
Pensam os mortos na vida; pensam os vivos na morte. E choram ambos, a fugir das duas. Não são patéticas estas almas vazias de vida ou de morte? Buscando, sem cessar, perpetrar por todos os outros e tentando, sem sucesso, fugir da única certeza humana?
Choram! Os corvos choram seu próprio alimento, pois é a desgraça que mantém suas existências sem significado. Lamentam sua própria salvação em um ato de supremo egoísmo; descartam a sua humanidade e chafurdam ferozmente na sua auto-compaixão.
Pois o ser humano é individualista, e a morte é o ponto mais alto da sua vida. Muito embora lutem contra ela, foi na busca da morte que estiveram em toda a sua história.
domingo, 5 de outubro de 2008
terça-feira, 17 de junho de 2008
Já passei da fase, mas aí vai:
Ainda te amo.
Que saibas - ainda te amo. Não guardo de ti qualquer rancor ou desconfiança. Não há motivos para tanto. Logo, te amo.
Mas já não te amo naquele amor desesperado, sem salvação, desgostoso de si mesmo.
Já não te amo naquela forma sem alegria, empalidecida, lacrimosa e sem sorrisos.
Obrigado por não me amares. Agora sei que posso amar-te sem que meu coração se despedace.
Sei que posso olhar-te sem que meus olhos se encham de culpa e desesperança; sei que posso ouvir-te sem imaginar por quantas vezes ainda me deleitarei com tua voz.
Sei que meu amor é muito mais calmo, e feliz, e conformado de si. Já não há espadas lutando contra meus sentimentos e já não condeno isto que está guardado em mim - pois já não guardo.
Obrigado por seres sincero e só uma última coisa te peço: não mudes, pois é assim que te amo.
Ainda te amo.
Que saibas - ainda te amo. Não guardo de ti qualquer rancor ou desconfiança. Não há motivos para tanto. Logo, te amo.
Mas já não te amo naquele amor desesperado, sem salvação, desgostoso de si mesmo.
Já não te amo naquela forma sem alegria, empalidecida, lacrimosa e sem sorrisos.
Obrigado por não me amares. Agora sei que posso amar-te sem que meu coração se despedace.
Sei que posso olhar-te sem que meus olhos se encham de culpa e desesperança; sei que posso ouvir-te sem imaginar por quantas vezes ainda me deleitarei com tua voz.
Sei que meu amor é muito mais calmo, e feliz, e conformado de si. Já não há espadas lutando contra meus sentimentos e já não condeno isto que está guardado em mim - pois já não guardo.
Obrigado por seres sincero e só uma última coisa te peço: não mudes, pois é assim que te amo.
terça-feira, 29 de abril de 2008
Recomendo ler a história ouvindo o Bolero de Ravel.
A Imperatriz
Por Luiza dos Passos Ferreira
A mulher sentada em um trono, de olhar austero e finos gestos, por muito tempo encantou seu povo. Ela amava seu povo. Ela, a Imperatriz, zelava por todos aqueles que viviam em seu país. O imperador, seu pai, morrera há alguns anos; era um tirano. A filha o odiava - o povo o odiava. E logo que morreu o imperador, o povo suspirou aliviado. E a jovem moça, que dedicara sua juventude ao estudo da poesia, das flores e da espada, tomou o seu trono e o país e o povo para si.
Imperava ela com a sabedoria do próprio povo: e o país prosperava. A Imperatriz andava por entre o povo periodicamente; às vezes entrava em alguma justa, ou cantava em uma taberna qualquer. Era, de todas a criaturas do império, ela quem melhor brandia a espada - era ela a dona da mais doce voz e do mais belo rosto.
Certa feita, três reinos uniram-se contra o império dela: o primeiro invejava o povo feliz e próspero, e não podia aceitar que qualquer país fosse melhor que o seu. O segundo, desejoso de aumentar seus limites, vinha cobiçando todas as riquezas guardadas naquele império. E o terceiro, cheio de ódio, vingava-se da recusa que a Imperatriz apresentava-lhe sobre casamento. Ela amava seu povo - e nada mais.
A guerra e o caos tomaram conta daquele império, tão esquecido das amarguras. E a Imperatriz convocou seu exército, que jurou fidelidade. E ela jurou proteger seu povo com a vida.
O primeiro reino derrotou a si. A insistência doentia de seu soberano matou os soldados de fome.
O segundo foi derrotado pelo inverno e pela cegueira: certo de que teria o império nas mãos, o segundo soberano não refreou seus ataques, e morreu de frio.
O terceiro, vendo os dois aliados falharem, fez um sítio calmo e pensado à Imperatriz. Quando as provisões faltaram para o povo dela, ela convocou o exército uma vez mais.
Lutou em longa e sangrenta batalha: e quando afinal feriu o soberano do terceiro reino de forma irreversível, também foi gravemente ferida. Mas lutou até esgotarem-se suas forças e, antes de sua morte, pediu apenas:
- Meu deus, tome conta destes que amei...
A Imperatriz
Por Luiza dos Passos Ferreira
A mulher sentada em um trono, de olhar austero e finos gestos, por muito tempo encantou seu povo. Ela amava seu povo. Ela, a Imperatriz, zelava por todos aqueles que viviam em seu país. O imperador, seu pai, morrera há alguns anos; era um tirano. A filha o odiava - o povo o odiava. E logo que morreu o imperador, o povo suspirou aliviado. E a jovem moça, que dedicara sua juventude ao estudo da poesia, das flores e da espada, tomou o seu trono e o país e o povo para si.
Imperava ela com a sabedoria do próprio povo: e o país prosperava. A Imperatriz andava por entre o povo periodicamente; às vezes entrava em alguma justa, ou cantava em uma taberna qualquer. Era, de todas a criaturas do império, ela quem melhor brandia a espada - era ela a dona da mais doce voz e do mais belo rosto.
Certa feita, três reinos uniram-se contra o império dela: o primeiro invejava o povo feliz e próspero, e não podia aceitar que qualquer país fosse melhor que o seu. O segundo, desejoso de aumentar seus limites, vinha cobiçando todas as riquezas guardadas naquele império. E o terceiro, cheio de ódio, vingava-se da recusa que a Imperatriz apresentava-lhe sobre casamento. Ela amava seu povo - e nada mais.
A guerra e o caos tomaram conta daquele império, tão esquecido das amarguras. E a Imperatriz convocou seu exército, que jurou fidelidade. E ela jurou proteger seu povo com a vida.
O primeiro reino derrotou a si. A insistência doentia de seu soberano matou os soldados de fome.
O segundo foi derrotado pelo inverno e pela cegueira: certo de que teria o império nas mãos, o segundo soberano não refreou seus ataques, e morreu de frio.
O terceiro, vendo os dois aliados falharem, fez um sítio calmo e pensado à Imperatriz. Quando as provisões faltaram para o povo dela, ela convocou o exército uma vez mais.
Lutou em longa e sangrenta batalha: e quando afinal feriu o soberano do terceiro reino de forma irreversível, também foi gravemente ferida. Mas lutou até esgotarem-se suas forças e, antes de sua morte, pediu apenas:
- Meu deus, tome conta destes que amei...
sexta-feira, 25 de abril de 2008
Para Que Não Leias
Por Luiza dos Passos Ferreira
Eu te amo! Eu te amo!
Gostaria eu de poder gritar-te este amor que se encerra em meu peito, que luta contra si todos os dias desde que nasceu.
Não posso! Ah, céus, não posso. Rejeitar-me-ias, sem deixar um pedaço sequer do meu coração.
Mas como te amo. Como te amo!
Te amo neste jeito louco e desesperado, neste amor suicida e impossível. Te amo! Te amo!
Como jamais poderias imaginar, como minh'alma já não pode suportar, muito, mas muito além do posso compreender.
Todas as frases de amor não podem dizer-te: te amo! Te amo!
Eu, logo eu, tornei-me omissa, calada, sem palavras, sem voz. Posso apenas escrever, para que não leias, para que jamais conheças esse amor doentio e doloroso que fervilha em mim.
Como te amo... Como te amo...
Por Luiza dos Passos Ferreira
Eu te amo! Eu te amo!
Gostaria eu de poder gritar-te este amor que se encerra em meu peito, que luta contra si todos os dias desde que nasceu.
Não posso! Ah, céus, não posso. Rejeitar-me-ias, sem deixar um pedaço sequer do meu coração.
Mas como te amo. Como te amo!
Te amo neste jeito louco e desesperado, neste amor suicida e impossível. Te amo! Te amo!
Como jamais poderias imaginar, como minh'alma já não pode suportar, muito, mas muito além do posso compreender.
Todas as frases de amor não podem dizer-te: te amo! Te amo!
Eu, logo eu, tornei-me omissa, calada, sem palavras, sem voz. Posso apenas escrever, para que não leias, para que jamais conheças esse amor doentio e doloroso que fervilha em mim.
Como te amo... Como te amo...
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Depressão, meus amores, dá nisso:
A Carta Que Não Mandei
Por Luiza dos Passos Ferreira
Se tu, alma querida que vaga nos meus sonhos, fosses meu...
Seria eu a mais feliz das criaturas! Meus olhos teriam o brilho de todos os sóis que porventura existam no universo, e meu sorriso teria a brancura do mármore. Minha voz tornar-se-ia mais branda e - por que não? - eu seria menos combativa.
Se fosses meu, eu poderia conquistar o mundo. Mas me absteria, pois uma única conquista me basta: tu.
Se fosses meu... Ah! Se fosses meu, eu pintaria o mundo inteiro com as tuas cores favoritas, faria tocar nos bares tudo com o que te deleitas em ouvir, convenceria mundo inteiro a festejar, pois se tu fosses meu, o mundo inteiro me ouviria.
Mas não serás. Porque não faço parte dos teus interesses, não é para mim que teus pensamentos se voltam, não é comigo que passas teu tempo - não é por mim que teu coração bate.
Mas, se fosses meu...
A Carta Que Não Mandei
Por Luiza dos Passos Ferreira
Se tu, alma querida que vaga nos meus sonhos, fosses meu...
Seria eu a mais feliz das criaturas! Meus olhos teriam o brilho de todos os sóis que porventura existam no universo, e meu sorriso teria a brancura do mármore. Minha voz tornar-se-ia mais branda e - por que não? - eu seria menos combativa.
Se fosses meu, eu poderia conquistar o mundo. Mas me absteria, pois uma única conquista me basta: tu.
Se fosses meu... Ah! Se fosses meu, eu pintaria o mundo inteiro com as tuas cores favoritas, faria tocar nos bares tudo com o que te deleitas em ouvir, convenceria mundo inteiro a festejar, pois se tu fosses meu, o mundo inteiro me ouviria.
Mas não serás. Porque não faço parte dos teus interesses, não é para mim que teus pensamentos se voltam, não é comigo que passas teu tempo - não é por mim que teu coração bate.
Mas, se fosses meu...
sábado, 5 de abril de 2008
Ó ae uma viajada pós dia foda:
Pedalinhos
Por Luiza dos Passos Ferreira
Para Francielle, Fernanda e Bianca.
Claro que Ela acordou animada. Um pouco cedo demais, admite-se (por volta das 6 da manhã), mas extremamente animada. Oras, Redenção era sempre Redenção. E Redenção com as gurias então... nem se comenta.
Ela levantou. Aliás, levantou, não, deu um salto enorme da cama direto pro outro lado do quarto (não que isso fosse grande vantagem, perante o cubículo que era o quarto onde Ela dormia) e quase deu de cara no armário, o que foi uma surpresa - não o fato de Ela quase ter dado de cara no armário, a surpresa foi o quase. Abriu o armário e em segundos estava vestida. Mal-vestida, claro, porque Ela só sairia por volta das três horas da tarde, e esperar que Ela se vestisse assim, cedo pra caramba, direito, era esperar demais, pô.
Ela sentou na frente do computador, com tudo espalhado pra tudo quanto era lado do quarto, o que a estava tornando ilhada. Normal.
Quando a fome começou a atacar e o carinha que provavelmente existia no estômago Dela começou a roncar, o pastelão do pai veio acudir. E, depois de encher a barriga, vinha o banho, CLARO. Ela passou menos de trinta segundos pensando no que ia vestir. Catou um tênis, um pseudo-casaco de meia estação, uma blusa e um jeans, e tudo bem. Depois de supostamente arrumada, dirigiu-se para a casa da primeira - a Fran. Ela demorou uns dois minutos pra descer quatro andares, mas isso já era de se esperar. Bianca estava junto. Cumprimentaram-se, sorriram e foram em busca da quarta componente - Fernanda. Essa também demorou uns três minutos pra descer, e elas foram esperar o ônibus.
Como é de se esperar de um ônibus portoalegrense em um sábado, ele demorou cerca de 20 minutos. E tudo bem. Quando finalmente subiram, foram obrigadas a se separar parcialmente, por causa do espalha-espalha característico de todos os ônibus.
Quando a redenção - o enorme parque verde no meio de Porto Alegre - se apresentou na frente delas, a Fran berrou:
- ALGODÃO DOCE!!
E, como era de se esperar, Ela sorriu, e a Fernandinha e a Bianca fizeram um "aimeudeus" meio nervoso. A primeira coisa que enxergaram foram os pedalinhos. Foi a vez Dela:
- Pedalinhos. Pedalinhos!!!
- Lubi, tu parece uma criança feliz. - foi a resposta que a Fernanda deu ao manifesto Dela.
- Eu sou uma criança feliz.
Fran olhou para os pedalinhos. Olhou para a Fernanda. Bianca não estava ouvindo, porque estava admirada com o parque, porque nunca tinha ido a passeio lá. E Fran decidiu se manifestar:
- Pedalinhos! Vamo nos pedalinhos?!
A idéia foi muito bem recebida. Fran pareceu se dar conta de uma coisa. Baixou a cabeça:
- Mas a gente pode dar uma olhada no algodão doce primeiro?
Todas riram e foram em busca de um algodão doce. Bianca acompanhou. Fernanda comprou pipoca doce. Ela comprou picolé de limão. E foram para os pedalinhos.
Depois de serem interrompidas por uma agência de modelos - que Ela achou francamente que só tinham perguntado pra Ela se Ela queria fazer inscrição por educação - e encontrarem parte da família Dela no meio da Redenção, finalmente chegaram nos pedalinhos. Pagaram meia hora e a Fran decidiu dirigir. Uma vez acomodadas, Fran começou e...
- Cara. Isso é difícil.
Depois de rirem bastante, as moças se deslocaram, e bateram na borda do lago. E tudo bem. Quando finalmente desencalharam, as moças foram deslizando - e a Fran suando - pelo lago por uns dez minutos, tentando não atropelar os peixes e as tartarugas.
- Fran... - Fernanda foi dizendo lentamente - ACELERAE!
Quando Ela olhou pra trás, tinham dois pedalinhos vindo atrás delas. Bianca filmava e tirava fotos, e Ela se dobrava de rir. Fernanda dava apoio moral, e Fran se desesperava. Então, eles encostaram. Um dos pedalinhos tinha duas gurias e um guri, e o outro tinha apenas um guri. Eles encurralaram as quatro moças, e Fran enfureceu:
- DÁ PRA SAIR, PÔ?
E Ela se matava rindo. Claro, depois que eles ficaram mais de dez minutos na cola das quatro, fechando o caminho, uma certa exasperação tomou conta, mas nada superou os espinhos. Quando eles encurralaram as quatro perto da margem, havia alguns espinhos. Fran e Fernanda estavam do lado dos espinhos. Ela foi obrigada a levantar e tirar os espinhos de cima das duas, em conjunto com a Bianca. Empurrou um dos dois pedalinhos com um pé, e acabou se cortando nos espinhos. Três vezes.
A coisa estava começando a ficar mais séria, quando elas finalmente resolveram pôr um fim naquilo. Olharam uma para a outra, e Fran começou:
- Água!
- Terra! - foi a resposta de Fernanda
- Fogo! - Ela exclamou
- Ar! - Bianca terminou.
E juntando as mãos, um brilho multicor formou-se na junção dos poderes das quatro. O Tio da Banca dos Pedalinhos, que assistia tudo, veio em socorro, e apontou para elas:
- CORAÇÃO!
Com isso, estava feito. As quatro fizeram um gesto, e o pedalinho que as incomodava saiu voando no ar, e os garotos que estavam dentro ficaram com a cara no chão, sem grandes machucados, só uns dois arranhões leves e uma grande dor nas costas. Saíram correndo e amaldiçoando as quatro, mais o Tio.
As quatro terminaram seu passeio em paz, e tudo bem.
Pedalinhos
Por Luiza dos Passos Ferreira
Para Francielle, Fernanda e Bianca.
Claro que Ela acordou animada. Um pouco cedo demais, admite-se (por volta das 6 da manhã), mas extremamente animada. Oras, Redenção era sempre Redenção. E Redenção com as gurias então... nem se comenta.
Ela levantou. Aliás, levantou, não, deu um salto enorme da cama direto pro outro lado do quarto (não que isso fosse grande vantagem, perante o cubículo que era o quarto onde Ela dormia) e quase deu de cara no armário, o que foi uma surpresa - não o fato de Ela quase ter dado de cara no armário, a surpresa foi o quase. Abriu o armário e em segundos estava vestida. Mal-vestida, claro, porque Ela só sairia por volta das três horas da tarde, e esperar que Ela se vestisse assim, cedo pra caramba, direito, era esperar demais, pô.
Ela sentou na frente do computador, com tudo espalhado pra tudo quanto era lado do quarto, o que a estava tornando ilhada. Normal.
Quando a fome começou a atacar e o carinha que provavelmente existia no estômago Dela começou a roncar, o pastelão do pai veio acudir. E, depois de encher a barriga, vinha o banho, CLARO. Ela passou menos de trinta segundos pensando no que ia vestir. Catou um tênis, um pseudo-casaco de meia estação, uma blusa e um jeans, e tudo bem. Depois de supostamente arrumada, dirigiu-se para a casa da primeira - a Fran. Ela demorou uns dois minutos pra descer quatro andares, mas isso já era de se esperar. Bianca estava junto. Cumprimentaram-se, sorriram e foram em busca da quarta componente - Fernanda. Essa também demorou uns três minutos pra descer, e elas foram esperar o ônibus.
Como é de se esperar de um ônibus portoalegrense em um sábado, ele demorou cerca de 20 minutos. E tudo bem. Quando finalmente subiram, foram obrigadas a se separar parcialmente, por causa do espalha-espalha característico de todos os ônibus.
Quando a redenção - o enorme parque verde no meio de Porto Alegre - se apresentou na frente delas, a Fran berrou:
- ALGODÃO DOCE!!
E, como era de se esperar, Ela sorriu, e a Fernandinha e a Bianca fizeram um "aimeudeus" meio nervoso. A primeira coisa que enxergaram foram os pedalinhos. Foi a vez Dela:
- Pedalinhos. Pedalinhos!!!
- Lubi, tu parece uma criança feliz. - foi a resposta que a Fernanda deu ao manifesto Dela.
- Eu sou uma criança feliz.
Fran olhou para os pedalinhos. Olhou para a Fernanda. Bianca não estava ouvindo, porque estava admirada com o parque, porque nunca tinha ido a passeio lá. E Fran decidiu se manifestar:
- Pedalinhos! Vamo nos pedalinhos?!
A idéia foi muito bem recebida. Fran pareceu se dar conta de uma coisa. Baixou a cabeça:
- Mas a gente pode dar uma olhada no algodão doce primeiro?
Todas riram e foram em busca de um algodão doce. Bianca acompanhou. Fernanda comprou pipoca doce. Ela comprou picolé de limão. E foram para os pedalinhos.
Depois de serem interrompidas por uma agência de modelos - que Ela achou francamente que só tinham perguntado pra Ela se Ela queria fazer inscrição por educação - e encontrarem parte da família Dela no meio da Redenção, finalmente chegaram nos pedalinhos. Pagaram meia hora e a Fran decidiu dirigir. Uma vez acomodadas, Fran começou e...
- Cara. Isso é difícil.
Depois de rirem bastante, as moças se deslocaram, e bateram na borda do lago. E tudo bem. Quando finalmente desencalharam, as moças foram deslizando - e a Fran suando - pelo lago por uns dez minutos, tentando não atropelar os peixes e as tartarugas.
- Fran... - Fernanda foi dizendo lentamente - ACELERAE!
Quando Ela olhou pra trás, tinham dois pedalinhos vindo atrás delas. Bianca filmava e tirava fotos, e Ela se dobrava de rir. Fernanda dava apoio moral, e Fran se desesperava. Então, eles encostaram. Um dos pedalinhos tinha duas gurias e um guri, e o outro tinha apenas um guri. Eles encurralaram as quatro moças, e Fran enfureceu:
- DÁ PRA SAIR, PÔ?
E Ela se matava rindo. Claro, depois que eles ficaram mais de dez minutos na cola das quatro, fechando o caminho, uma certa exasperação tomou conta, mas nada superou os espinhos. Quando eles encurralaram as quatro perto da margem, havia alguns espinhos. Fran e Fernanda estavam do lado dos espinhos. Ela foi obrigada a levantar e tirar os espinhos de cima das duas, em conjunto com a Bianca. Empurrou um dos dois pedalinhos com um pé, e acabou se cortando nos espinhos. Três vezes.
A coisa estava começando a ficar mais séria, quando elas finalmente resolveram pôr um fim naquilo. Olharam uma para a outra, e Fran começou:
- Água!
- Terra! - foi a resposta de Fernanda
- Fogo! - Ela exclamou
- Ar! - Bianca terminou.
E juntando as mãos, um brilho multicor formou-se na junção dos poderes das quatro. O Tio da Banca dos Pedalinhos, que assistia tudo, veio em socorro, e apontou para elas:
- CORAÇÃO!
Com isso, estava feito. As quatro fizeram um gesto, e o pedalinho que as incomodava saiu voando no ar, e os garotos que estavam dentro ficaram com a cara no chão, sem grandes machucados, só uns dois arranhões leves e uma grande dor nas costas. Saíram correndo e amaldiçoando as quatro, mais o Tio.
As quatro terminaram seu passeio em paz, e tudo bem.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Nada como um blog novinho em folha pra colocar os contos aleatórios. Eu não sei me concentrar nas coisas mesmo.
***
Anjos
Por Luiza dos Passos Ferreira
Em um momento fugaz, cruzaram-se. Apenas aquela ligeira passagem trouxe uma paz de espírito que ela nunca sentira antes. E como inevitavelmente aconteceria, ela apaixonou-se. Tentou afastá-lo de sua mente, pois provavelmente jamais voltariam a se ver novamente. Foi em vão. o rosto dele não saía de sua mente, uma dor terrível invadiu seu coração. Nunca mais o veria. Desesperada, em um impulso que jamais saberia explicar, ela desceu as escadas que separavam seu quarto do resto da casa. Chovia. Ea abriu a porta e lançou-se à rua, sem qualquer proteção contra a água que vinha misturar-se às suas lágrimas. Tamanha não foi sua surpresa quando um enorme guarda-chuva cobriu sua cabeça, e uma voz suave sussurrou qualquer coisa sobre ela tomar cuidado.
Seus olhos pararam sob o semblante calmo e triste daquele que lhe havia levado ao desespero. Encontravam-se uma vez mais. Os cabelos e olhos negros dele contrastavam claramente com os olhos e cabelos cinza claro dela. Mas estava feito. O destino fizera com que eles, uma vez mais, se encontrassem. O cupido não deixara a primeira oportunidade passar, e a loucura certamente não deixaria a segunda.
Quando ela, ruborizada, agradeceu e virou-se sem ter o que fazer ou dizer, ele a segurou pelo pulso e levou o corpo dela de encontro ao seu. Um longo beijo na chuva seguiu-se a alguns minutos de silêncio. os dois sentiram que não poderiam viver um sem o outro.
Asas negras, embora translúcidas, irromperam das costas dele, ao mesmo tempo em que asas brancas irrompiam das costas dela. A alma dela deixou o corpo, e seu olhar angelical observou o dele. Então, levado pela mão de seu anjo, a alma dele também deixou seu corpo. Abraçados, o anjo e o demônio alçaram vôo em direçã às nuvens e deixaram seus corpos, para sempre unidos.
***
Anjos
Por Luiza dos Passos Ferreira
Em um momento fugaz, cruzaram-se. Apenas aquela ligeira passagem trouxe uma paz de espírito que ela nunca sentira antes. E como inevitavelmente aconteceria, ela apaixonou-se. Tentou afastá-lo de sua mente, pois provavelmente jamais voltariam a se ver novamente. Foi em vão. o rosto dele não saía de sua mente, uma dor terrível invadiu seu coração. Nunca mais o veria. Desesperada, em um impulso que jamais saberia explicar, ela desceu as escadas que separavam seu quarto do resto da casa. Chovia. Ea abriu a porta e lançou-se à rua, sem qualquer proteção contra a água que vinha misturar-se às suas lágrimas. Tamanha não foi sua surpresa quando um enorme guarda-chuva cobriu sua cabeça, e uma voz suave sussurrou qualquer coisa sobre ela tomar cuidado.
Seus olhos pararam sob o semblante calmo e triste daquele que lhe havia levado ao desespero. Encontravam-se uma vez mais. Os cabelos e olhos negros dele contrastavam claramente com os olhos e cabelos cinza claro dela. Mas estava feito. O destino fizera com que eles, uma vez mais, se encontrassem. O cupido não deixara a primeira oportunidade passar, e a loucura certamente não deixaria a segunda.
Quando ela, ruborizada, agradeceu e virou-se sem ter o que fazer ou dizer, ele a segurou pelo pulso e levou o corpo dela de encontro ao seu. Um longo beijo na chuva seguiu-se a alguns minutos de silêncio. os dois sentiram que não poderiam viver um sem o outro.
Asas negras, embora translúcidas, irromperam das costas dele, ao mesmo tempo em que asas brancas irrompiam das costas dela. A alma dela deixou o corpo, e seu olhar angelical observou o dele. Então, levado pela mão de seu anjo, a alma dele também deixou seu corpo. Abraçados, o anjo e o demônio alçaram vôo em direçã às nuvens e deixaram seus corpos, para sempre unidos.
Assinar:
Postagens (Atom)